18 de outubro de 2011

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa



Se eles só querem sexo, que bom, elas também! Então qual é problema? O erro está nas segundas intenções. Obra de toda mulher é a de casar, obra de todo homem é só transar. Elas, as obras, definitivamente não se encontram... Se não for assim, é o contrário. Coisa difícil é combinar.
Ah, as segundas intenções. A falta de clareza e o jogo interminável de sedução e sentimentos. As meninas se fazendo de difícil em uma tentativa voraz de mostrar um diferencial que incite ao compromisso e os meninos colocando isto à prova, incansavelmente.
Os meninos falando de amor de bom comportamento e de beleza interior, mascarando a faceta "lobo mal" e convictos que se não agirem assim, não levarão a "chapeuzinho" para o seu leito de morte. Quanta enganação. Elas querem morrer um pouquinho. E assim as relações vão se confundindo e em meio a joguetes, os casais vão perdendo a oportunidade de se acertarem de uma forma ou de outra. Qualquer forma de amar vale a pena e toda experiência é válida.
Quando nos conhecemos bem, crescemos com elas. Quando nos conhecemos bem, atendemos aos sinais e não nos machucamos, não machucamos o outro não culpamos ninguém e apenas aproveitamos. Eles só querem sexo? Elas também. Ser difícil pode ser desde uma gostosa fantasia até um grande complicador. E o pior é que os dois promovem esta grande besteira. Quem foi que disse que uma união linda e estável, coroada do mais lindo e puro sentimento, não pode nascer de uma explosão de tesão sem explicação? E o que faz com que um casal que se entregou a uma loucura qualquer de uma noite de verão, negue o valor dessa química preciosa e continue em busca de alguém perfeito? Quem é perfeito? Enraizamentos de conceitos, pré conceitos, interesses obscuros, valores e toda esta tábua recheada de frios sentimentos que é servida para o ser humano, pode ser a resposta à dificuldade em encontrar o par perfeito.
Desconstruir-se e reconstruir-se pode ser uma boa receita. Hoje em dia elas também só querem sexo e isto é ótimo, ou melhor, seria ótimo se fosse compreendido e aceito pelos dois. Mas ela aprendeu que se assumir sua sexualidade independente de um compromisso será uma menina má e ele vem e confirma isso. Assim não dá. O segredo para se livrar de tamanha confusão pode estar em resolver o que você quer para sua vida. Quer casar bonitinho e imaculado? Procure alguém compatível com as suas intenções e não saia por aí brincando de Chapeuzinho Vermelho com qualquer um só para bancar o bacana. Converse, encontre afinidades para um convívio pacífico, fale de filhos, de carreira de patrimônio e veja se vai dar certo.
Costuma não dar quando é assim, alguém fica entalado para manter as aparências. Costuma faltar aquele foguinho, aquela brasinha que mantém os dois ligadinhos um no outro e imunes ao que vem de fora. Mas tudo bem, tente. Quer só curtir os prazeres da carne, que tal ser independe em todos os sentidos e principalmente, emocionalmente? Caretonas de plantão se dão muito mal quando representam liberalidade para conquistar um homem interessante.
É bom ser independente financeiramente e ter uma vida própria, construída inteirinha para você. Depois, ponha no seu cardápio, momentos gostosos com alguém que não vai mudar em nada a sua rotina. E para surpresa de ambos, isso pode dar muito certo porque o princípio do respeito fará parte desse encontro e o que parecia fugaz pode se transformar em amor da melhor qualidade. O bacana é os dois estabelecerem as regras da relação logo que possível. É só sexo, ótimo, ninguém ilude ninguém e ninguém sofre depois.
Quer compromisso, ótimo também, é só ser transparente e dar ao outro o direito de escolha. Que mania feia as pessoas tem de não comungarem de suas verdadeiras intenções e pior, de viajarem em suas fantasias, sozinhas e cegas acreditando que o outro está no mesmo barco e no final, apresentarem uma conta enorme para ele pagar. Por favor, vamos acordar. Quem brinca de fazer criança, não é mais criança. Sejam felizes, paguem o preço.

Jussara Hadadd é filósofa e terapeuta sexual feminina.

3 de outubro de 2011

Deixem que digam que pensem que falem...


Deixem que digam que pensem que falem. Deixa isso pra lá, vem pra cá, o que é que tem, eu não to fazendo nada e nem você também...
Leveza é a palavra de ordem em qualquer circunstância da vida. Naturalidade autenticidade, segurança e principalmente, certeza de estar aonde deveria e desejaria estar.
A chave para isto? Paciência, autoconhecimento, trabalho neste sentido e cuidado. E no amor, a regra também é válida? Como em tudo na vida, no amor e no sexo não é diferente. Cultivar é o segredo. Conhecer-se e conhecer ao outro, somam-se a ele. Saber exatamente quem é aonde e com quem deseja estar. Regra tão simples e tão desprezada por nós.
Porque é que temos essa estranha mania de acharmos que somos deuses ou bruxos, que nada nos atingirá e que em um passe de mágica tudo se resolverá e ficará rosa e azul? Nada mais gostoso que estar nos braços de alguém que sabe exatamente onde queremos chegar. Nada melhor que a certeza de estar sinalizando de uma maneira tranquila e leve o que gostamos de sentir. Nada melhor, quando tudo isto é transmitido através de olhares e sentidos captados pelo profundo entendimento de um casal que se ama. E tem tempo para conquistar isso? Tem. Tem o tempo de cada um e tranquilidade é o que se consegue como resultado, muito ao contrário do que pensam hoje em dia as pessoas que se entregam umas as outras fortuitamente, sem ao menos uma conversa que as identifique em algum ponto.
É dispensável o tempo determinado entre estágios que medem o grau do relacionamento e ninguém precisa ficar o tempo todo pensando em casamento. Entretanto, algum tempo, palavras, olhares e toques, são necessários para um entendimento. É importante observar se, obedecendo-se a um instinto não estaria abrindo mão de um mínimo de sinalização contra um encontro nocivo e devassador que abalaria a estrutura de corpos e almas em vez de alimentá-los. Algum tempo há de ser dedicado. Amar desta maneira não tem nada a ver em firmar um compromisso com alguém; tem a ver exatamente com o contrário. Tem a ver com a leveza do descompromisso e com o comprometimento de ser e de fazer o outro feliz, exatamente ali, naquele momento. E dessa maneira ir construindo uma rede de sintonia fina e apurada a cada encontro.
Comprometimento em se doar além de tudo, e além de tudo, receber do outro com gratidão, tudo que vier para fazer feliz. Observar, ponderar, cativar a cada dia, a cada encontro. Anotar no coração as sensações, as expressões e todo tipo de manifestação de satisfação ou de insatisfação do seu parceiro e ao ir com ele, ao encontro da alegria de estarem vivos e juntos, mais uma vez, levar consigo, uma cesta de cuidados. As impressões não devem buscar a conquista que amarra em uma representação teatral encenando as artimanhas do amor, porém fazer crescer continuamente, o desejo de serem livres e completamente atados um ao outro pelo prazer de estarem juntos e somente isto. As intenções não devem transpor os limites da real felicidade, e nem precisa ser assim, pois é assim que perdemos a melhor parte, justamente quando desfocamos o agora.
Um desprendimento descomunal, somado a um cuidado visceral acompanhados de uma destreza desmedida em conhecer-se e conhecer o outro, cultivando o amor que por qualquer motivo ou circunstância os una, pode fazer de um casal, o casal mais feliz do mundo. E não tem título ou rótulo que identifique aqueles que os são. Somente eles e neles se pode reconhecer o estado de felicidade em que se encontram. Não tem condição que permita a um casal, saber mais do grau de sua verdadeira união, que o encontro de seus corpos, a sós e em plenitude. Somente a intimidade traçada por eles pode fazer com que transpareçam, aos olhos do mundo, um casal de verdade. O que esta fora deles é teatro e de área em área, o fim, está com seus dias contados.
“Não busco aventura, mas alguém que enxergue a vida com todas as cores que ela possui e que queira compartilhar comigo o maior de todos os tesouros, o Amor.” – De um amigo.

Autora: Jussara Hadadd, filósofa e terapeuta sexual feminina