21 de junho de 2012

Ângela Bismarck: julgá-la e condená-la, por quê?


A discussão sobre o fato de Ângela Bismarck não ter abandonado o reality Show ao saber da morte trágica da irmã continua na net, suscitando os mais divergentes julgamentos e as mais diferenciadas opiniões. Alguns acham-na fria, calculista, oportunista e insensível; outros julgam-na uma mulher forte, guerreira, determinada e corajosa. Cada um avaliando a atitude da modelo em conformidade com seus próprios valores sociais, religiosos, culturais e “fofocais”, claro, pois o tema vem mesma a calhar com o esporte preferido de fofoqueiros e fofoqueiras, inclusive os que estão participando de A Fazenda 5. 
Como nada se sabe acerca dos motivos dela fica complicado a julgar as atitudes e as reações de pessoais de uma pessoa de quem pouco conhecimento se tem, com quem jamais foi trocado qualquer tipo de conversa ou se teve alguma aproximação. O que se sabe de Ângela limita-se ao que a mídia divulga, nem sempre de forma correta e quase sempre de modo tendencioso. Trata-se de uma questão muito pessoal, de foro íntimo. Não se pode padronizar as reações das pessoas perante a morte, da mesma forma que não é viável o estabelecimento de normas que ditem como a pessoa deva se comportar diante dos sentimentos, principalmente diante da dor. 
Julgaria a atitude de Ângela Bismarck ao optar por ficar na fazenda, se não tivesse a firme convicção de seu sentimento de amizade pela irmã e do seu sentir, da sua dor e do quanto a tragédia a afetou. 
E o que torna o caso mais complicado é o fato dela ser famosa, pois, como pessoa pública e famosa, tudo assume uma proporção bem maior e mais difícil de contornar. 
Acredito que o certo é respeitar a decisão dela, mesmo os que não concordam com ela. Pois, na verdade, não existe isto de estar certo ou errado, quando se trata do sentir, algo único, subjetivo e que é em nós absoluto. Os sentimentos têm a sua lógica interior. Mas a nossa lógica mental, racional, é inoperante perante esse fluir inconsciente e espontâneo da nossa vida afetiva que, em alguns casos até nos surpreende, choca e amedronta. 
O sentimento de cada pessoa não pode ser discutido ou julgado, porque nada esclareceria ou acrescentaria à sua realidade existencial exclusiva, particular e única. Podem condenar-se eticamente certos sentimentos, ou expressões do nosso sentimento. Mas, o sentimento em si é uma realidade indiscutível. É um dado subjetivo, não surge da nossa racionalidade, escapa ao controle da razão. Discutíveis são os dados da razão. Sim! Os dados da Razão são discutíveis e passíveis de julgamento e execração. Sim! As idéias, todas elas são discutíveis, pois nunca se é detentor da verdade absoluta, irrefragável. Lógica e dialeticamente podem defender-se os mais evidentes absurdos. 
Recuso-me a julgar Ângela, porque tenho a minha maneira pessoal de encarar a morte e a dor da perda de uma pessoa amada. Já fiz algo parecido com o que ela fez, não por indiferença, mas por não suportar a violência do velório e do sepultamento para o meu sentimento de dor. Detesto velórios... Abomino ver as pessoas fofocando enquanto velam o falecido. Portanto, eu ficaria na fazenda, bem longe do assédio da mídia, dos curiosos e da exploração da tragédia pela imprensa falada, escrita e televisionada. Não suportaria a exploração do caso pelos noticiários televisivos, desnudando a intimidade e banalizando a intimidade da minha irmã. Por que teria de submeter-se a tão desumano massacre da mídia ávida de macabro sensacionalismo? O que representa velórios e sepultamentos, se ali apenas está um corpo morto, sem a presença do espírito eterno de quem partiu para uma forma de vida bem melhor? Se para quem morreu, de nada serve os rituais convencionais pós-morte, por qual motivo Ângela deveria ter abandonado A Fazenda para prantear Angelina? Chorar e orar podem ser feito em qualquer parte. Luto não é o que demonstramos com trajes negros, com cara de enterro e intermináveis prantos junto a cova do ser amado. Não! A dor da perda, sendo um sentimento, é interior, é um tumulto doloroso que parece rasgar o coração, é uma tristeza, uma agonia e uma saudade que nos silencia. 
O que ela poderá fazer pela irmã é orar por ela, é enviar-lhe muita energia positiva, energia do amor que sente por ela. No plano em que Angelina está só precisa do amparo dos Irmãos Espirituais com sua luz e sabedoria, o que tenho certeza de que teve e está tendo. A excessiva demonstração de sofrimento e de dor perturba o espírito de que se foi, atrapalha a sua adaptação no mundo espiritual. 
Todavia, acredito que Ângela vai ser julgada, criticada e condenada impiedosamente por sua decisão de ficar em A Fazenda. É possível que seja eliminada pelos que a estão condenando na primeira “Roça” em que a puserem. Acredito que ela vai enfrentar muita maldade fora da casa. Sairá do reality sem os dois milhões que todos ambicionam, encontrando fora da Fazenda apenas a fama de insensível e oportunista por algum tempo. Ângela era muito próxima da irmã, as duas tinham uma relação de amizade muito forte. Portanto, ela está sofrendo!! Ângela falou que Angelina era a "irmã que ela mais amava e era próxima"... Que era o seu porto seguro. O que aconteceu foi muito sério e doloroso. Talvez, a ficha da brutal realidade ainda não tenha caído, isso acontece e a pessoa fica meio anestesiada, com a mente bloqueada. Ao sair do reality, ela vai precisar do apoio do marido e familiares para encarar a dolorosa realidade, a ausência da irmã. 
A desconhecida Cida, do BBB2, também perdeu a irmã e continuou na casa. Acharam a atitude dela de uma mulher forte e determinada, ninguém discutiu a sua decisão. Mas, com Ângela Bismarck é diferente, a mulher é famosa, linda e bem sucedida, conquistou a fama pelo numero de plásticas, pelos desfiles em escolas de samba com o corpão pintado, vestindo apenas um tapa sexo, é modelo e, por causa da trágica morte do seu primeiro marido, assassinado, tornou-se conhecidíssima (e sofreu horrores em termos de acusações, calúnias e outras infâmias). Aí, tudo muda... e, haja cacete no lombo da peoa famosa.


2 comentários:

Wagner de Moraes disse...

Resenha SENSACIONAL!
Parabéns pela qualidade de síntese e de explanação dos fatos e de da riquesa de ponderações em termos da subjetividade e , porque não dizer da religiosidade involvida no fato decisório que se refere a Angela e somente a ela.
Angela está conberta de razões. Apoiada pelo marido e pelos irmãos (cinco0. Se a irmã tivesse sobrevivido ao tiro, Angela largaria até o Céu par ficar na Terra ao lado da irmã.

Eva/RN disse...

Wagner, obrigada pela visita ao meu blog e, mais ainda, pelas palavras gentis e amigas.
Tocou-me muito o que aconteceu com ela e a irmã, assim fiquei chocada quando comecei a ler na net palavras condenatórias e duras contra ela. Não poderia ficar omissa não a defendendo. Um abraço amigo e fraterno .